Você precisa ouvir isso: dois discos que viraram a música do avesso
Confira a coluna Monte de Música

Foto: Divulgação
Entre os dias 13 e 20 de junho, a música viu nascer dois álbuns que marcaram gerações de formas completamente diferentes. Um veio com raiva contida e distorções sujas. O outro, com dor escancarada em letras afiadas. Estamos falando de Bleach, do Nirvana, e Jagged Little Pill, da Alanis Morissette.
Lançado em 13 de junho de 1995, Jagged Little Pill é um desabafo em forma de disco. Alanis não veio pra agradar. Ela veio pra gritar, expor feridas, mostrar que vulnerabilidade e força podem andar juntas. Era o auge da MTV, e uma mulher furiosa cantando sobre traição, crises existenciais e sarcasmo virou o novo símbolo da juventude.
Com músicas como You Oughta Know, Ironic e Hand In My Pocket, Alanis conquistou o mundo inteiro. Foram mais de 30 milhões de cópias vendidas e um espaço eterno entre os discos mais impactantes dos anos 90. Ela provou que ser intensa, sensível e explosiva era, sim, uma forma poderosa de comunicação.
O sucesso não foi à toa. A produção de Glen Ballard casou perfeitamente com a autenticidade de Alanis. Não havia filtro. Havia alma. Havia verdades desconfortáveis, ditas em alto e bom som por uma artista que se recusava a abaixar o tom da própria voz. Jagged Little Pill virou hino, virou catarse, virou símbolo de uma geração.
O nascimento do grunge
Do outro lado do espectro, temos o nascimento do grunge cru com Bleach, lançado em 15 de junho de 1989. O Nirvana ainda era uma banda desconhecida, vivendo nos porões de Seattle, tocando em bares minúsculos, mas já carregava uma fúria que logo tomaria o mundo.
Produzido com apenas 600 dólares, Bleach é a essência do “faça você mesmo”. É sujo, pesado e direto. Não tenta ser bonito. Ele existe pra incomodar. Músicas como About a Girl, Negative Creep e School mostram um Kurt Cobain ainda em formação, mas já com a angústia que se tornaria sua marca.
Bleach não foi um sucesso imediato. Mas quem ouviu na época sabia: ali tinha algo diferente. Algo que não se preocupava em seguir regras. Era o som da insatisfação, do tédio, da juventude que não se via nos padrões brilhantes do pop dos anos 80. Era o grunge nascendo.
Enquanto Alanis entregava poesia em forma de grito, Kurt entregava caos em forma de melodia distorcida. Os dois discos, apesar de tão diferentes, têm algo em comum: foram feitos por artistas que colocaram o coração na frente da fórmula. E isso, no mundo da música, é o que separa o passageiro do eterno.
Ouça agora!
Junho não é só mês de festa junina. É mês de revolução musical. E Bleach e Jagged Little Pill são provas disso. Um te arrasta pra dentro da mente inquieta de Kurt Cobain. O outro, te faz sentir cada linha cortante que sai da alma de Alanis.
Dois álbuns. Duas gerações. Dois socos na mesmice. Se você ainda não ouviu esses discos com atenção, essa é a sua deixa. Porque tem música que não envelhece. Ela marca, muda e segue viva em quem sente.